sábado, maio 24

Poema da mulher


Rezi Van Lankveld «Curtains» 2003, oil on board


Poema da mulher

Amo a beleza clara e justa da mulher.
Amo o que nela arde a sua pele serena
o corpo liso a cabeça pousada na mão.
Amo o sorriso por vezes triste o modo
como me olha entre a dúvida e o amor.
Sobretudo amo-a por a ouvir dizer-me
olá e depois é como se a voz abrisse um
caminho entre a minha e a vida dela.
Então tudo em mim lhe comunica um mundo
que estando do lado de cá passa para
o centro dela e fica dentro da sua alma.
Amo-a afinal toda e inteira e desperta
ou adormecida no íntimo do continente
ou na parte mais alta de qualquer ilha.
A mulher que eu amo é um ser de partida
que de vez em quando regressa à minha mão.
Ela não sabe mas há em mim uma maneira
de ir com ela e uma outra de a esperar.
Parto no navio alto e branco do seu ser
espero-a à chegada do vento que a anuncia
presente sentada na bainha da minha alma.

(João de Melo)

1998, poema inédito

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2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Desculpe o abuso, mas mesmo sem a consultar previamente, não resisti a copiar para «o tempo das cerejas» este poema do João de Melo, embora referindo naturalmente que ele foi extraído do «da poética». Espero que não leve a mal.

9 de junho de 2008 às 15:26  
Blogger dapoetica disse...

Naturalmente que não...

9 de junho de 2008 às 16:51  

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