Navio Naufragado
(óleo sobre platex)
- Museu Francisco Tavares Proença Júnior -
Navio Naufragado
Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.
É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.
Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.
E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
in Obra Poética III, 1991
Etiquetas: Artur Lisboa Bual (1926-1999) Fotografia da autoria de Carlos Monteiro IMC - Divisão de Documentação Fotográfica Lisboa, Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) Porto
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